Dor nas costas, quem não tem?!

A dor nas costas comummente dita, pode localizar-se em diferentes regiões, seja superiormente ao nível do pescoço, no centro da coluna que é a região torácica ou então no fundo das costas, onde fica situada a nossa coluna lombar.

Vamos falar da dor na região lombar, ou lombalgia, pois esta é uma das principais causas de incapacidade do adulto (estudos epidemiológicos apontam a prevalência das lombalgias na população em geral entre 50% a 80%). Ela é a maior causa de abstinência laboral e envolve altos custos médicos para que seja tratada, por esse motivo é essencial que sejam criadas estratégias para a sua prevenção. Além disso estima-se que a percentagem de recaída da dor lombar se situa entre os 24% e os 33% e o nível de dor aumenta rapidamente.

Sabemos que as mulheres tendem a sofrer mais da dor lombar (provavelmente devido às consequências da osteoporose), assim como pessoas na faixa etária dos 60 aos 65 anos. Também se verificam crises mais longas e mais intensas em pessoas com menor grau de literacia em saúde, isso significa que pessoas menos informadas terão mais dificuldade em recuperar.

Em relação à atividade laboral estima-se que adultos que durante o seu dia laboral manipulem altas cargas tenham maior prevalência da dor (33%), no entanto profissões classificadas como sedentárias também tenham uma prevalência significativa (18%).

As causas das dores são variadas, tais como: obesidade, sedentarismo, postura corporal, levantamento de peso excessivo, traumatismo na região lombar, podendo ser ocasionada por várias doenças como as virais, articulares degenerativas, metástases tumorais, inflamações pélvicas, artrose, osteoporose, depressão, fibromialgia, entre muitas outras.

As incapacidades decorrentes da dor causam limitações em atividades simples como permanecer em pé ou sentado, andar, dormir, cuidados pessoais e atividade sexual.

A lombalgia caracteriza-se como aguda quando tem um início súbito e a duração de algumas semanas e geralmente o tratamento pede o repouso e o uso combinado de fisioterapia com farmacologia.  Quando a lombalgia dura mais de 3 meses, caracteriza-se como crónica e é aqui que a fisioterapia pode ser a sua maior aliada.

Um grande número de técnicas e abordagens podem ser utilizadas, dependendo da origem e da individualidade de cada pessoa, mas a ciência fala-nos que a realização de exercícios aeróbicos, de alongamento e de força promovem a melhoria da condição, assim como cinesioterapia postural e a terapia manual associada. A orientação específica nos locais de trabalho (ergonomia) como a mudança de comportamentos é também um dos fatores a valorizar pelo fisioterapeuta, bem como questões relacionadas com as emoções e fatores sociais.

Na dor lombar crónica há uma instabilidade da coluna vertebral devido a alterações nas suas diversas peças anatómicas, como vértebras, discos, ligamentos, músculos, tendões e até nervos.

Para recuperar essa estabilidade precisamos dar a devida atenção a todos os intervenientes, desde os pequenos músculos profundos locais, como aos maiores e superficiais. Sem esta harmonia dificilmente ganharemos o tão desejado controlo motor, uma vez que estudos mostram que pessoas com dor lombar têm esta musculatura local com menor capacidade de ativação.

Como vimos anteriormente, informação é poder e daí a importância da literacia, para que possamos tomar decisões informadas e aprender a melhorar a nossa dor.

Fisioterapeuta Ana Guedes