O exercício físico regular tem um papel significativo na prevenção do cancro, podendo reduzir a sua incidência em alguns tipos de cancro até 40%. Para além do seu papel preventivo, à luz do conhecimento científico atual, sabe-se que o exercício físico pode ainda ser uma estratégia efetiva na intervenção durante e após a fase de tratamento dos pacientes com cancro, ajudando-os a minimizar o impacto negativo dos tratamentos a que estes estão sujeitos.

Existe uma evidência irrefutável que a realização de exercício físico prescrito por profissionais habilitados e efetuado de modo controlado e supervisionado, aumenta a taxa de sobreviventes de pacientes do foro oncológico. Alguns dos benefícios apontados incluem a prevenção de doenças metabólicas associadas às doenças de carácter crónico, pela alteração dos estilos de vida, como doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2, frequentemente observadas após o início da terapia oncológica.

Do mesmo modo, a redução da condição física e da massa óssea e muscular, e o aumento da massa gorda são consequências naturais da redução da atividade, das alterações alimentares e da própria terapia a que o doente com cancro está sujeito. Em todas as guidelines é frisado que a atividade física no doente oncológico é segura e fiável no decorrer das terapias oncológicas e na fase posterior às mesmas, devendo o doente tentar manter uma atividade física moderada de aproximadamente 150 minutos por semana, ou uma atividade vigorosa de 75 minutos por semana em adição às atividades diárias.

A manutenção de uma atividade física moderada poderá trazer benefícios ao nível da resistência, força muscular, fadiga e qualidade de vida global. O treino de força/resistência muscular deve envolver grandes grupos musculares, 2 a 3 dias por semana (8-10 grupos musculares, 8 a 10 repetições, 2 séries). Deverá haver precauções em relação à intensidade da atividade física em algumas situações, como: anemia grave, imunossupressão, fadiga severa, neuropatias periféricas, trombocitopénia, metástases ósseas, sarcomas ósseos, ataxia, presença de cateteres.

Quanto ao tipo de exercício administrado, o exercício aeróbio tem demonstrado ser bem tolerado pelos pacientes com cancro, ajudando no combate à fadiga durante e após os tratamentos e por isso deve ser cada vez mais considerado como parte integrante do tratamento. Relativamente ao exercício anaeróbio, estimulando mais o aumento do volume muscular, bem como a densidade óssea, são igualmente aconselháveis, contudo, em casos de menor condicionamento físico este tipo de exercícios poderá ser menos tolerável pelos doentes.

Concluindo, o exercício quando devidamente prescrito e implementado pode ser considerado um excelente coadjuvante terapêutico ao tratamento oncológico com vista à melhoria da qualidade de vida e redução da morbilidade e mortalidade associada a este tipo de doenças. Assim, a sua inclusão numa abordagem multidisciplinar do tratamento da doença oncológica deverá ser cada vez mais implementada. Evite a inatividade e, para melhorar a saúde em geral, procure atingir as diretrizes atuais de atividade física propostas pela OMS (150 min/semana de exercícios aeróbicos e 2x/semana de treino de força).

Todas as diretrizes acima mencionadas não substituem o parecer do seu profissional de saúde! Informe-se sobre as nossas classes de exercício clínico.

Segal et al., 2017; Stefani et al., 2017; Buffart et al., 2014; Campbell et al., 2012; Rock et al., 2012; Wolin et al., 2012; Hayes et al., 2009.

CAMPBELL, K. [et al.] – Exercise Guidelines for Cancer Survivors: Consensus Statement from International Multidisciplinary Roundtable. Medicine&Science in Sports& Exercise. 51:11 (2019) 2375-2390.

 

Fisioterapeuta Maria João Bexiga