Esta altura do ano, pós férias e reinício de mais um ano letivo, nem sempre é vivida da mesma forma por todos.

Algumas crianças já têm saudades dos colegas, sentem-se mais crescidas por transitarem de Ciclo e entusiasmadas pela compra da mochila e material escolar novo. Por outro lado, noutras crianças só a palavra escola pode levar a episódios de choro e gritos, noites mal dormidas e inclusivamente febres e dores de barriga. A ansiedade vivida por alguns pela mudança de escola/Ciclo ou pelas exigências e expectativas, por vezes exageradas tanto dos alunos como dos adultos, num mundo em o conforto de um sorriso amigo está escondido por máscaras, deve ser levada em atenção.

Nestas situações a ajuda de um psicólogo pode ser útil. O  acompanhamento psicológico pode ser promocional, preventivo ou interventivo e tem como objetivo  promover contextos facilitadores da aprendizagem e do desenvolvimento de competências pessoais, sociais e profissionais. Assim, o psicólogo pode contribuir para o desenvolvimento saudável, o bem-estar e a saúde física e psicológica, o aumento da qualidade e satisfação com a escola e com a vida no geral, a promoção de relações interpessoais saudáveis, a prevenção de comportamentos de risco, a promoção de uma cidadania ativa, bem como, o compromisso e envolvimento com a aprendizagem. Pode ainda ajudar a desenvolver ferramentas para lidar com as dificuldades de aprendizagem, com perturbações ao nível da atenção e da autorregulação comportamental, com fragilidades ao nível dos métodos e técnicas de estudo, com desmotivação/ansiedade face à escola e/ou na relação com os pares ou ainda na orientação vocacional e profissional. O psicólogo ainda pode intervir no aconselhamento parental de encarregados de educação de crianças e adolescentes que sintam necessidade de encontrar ferramentas e estratégias educativas para melhor ajudar os filhos e sempre numa perspetiva de uma Educação Positiva.

Por outro lado, o papel da escola é de promover competências académicas e educativas nas crianças e jovens  tornando-os cidadãos ativos e autossuficientes. A nossa sociedade dá extrema relevância às disciplinas como a Matemática, a Língua Portuguesa ou as Ciências, mas pouca ou nenhuma atenção se dá aos métodos e rotinas de estudo ou à Inteligência Emocional das crianças. Esquecemo-nos assim que uma criança imatura ou instável emocionalmente terá maior dificuldade no processo de aprendizagem e serão menos felizes e capazes face às adversidades da vida.

Posto isto, sempre que existam sinais de alguma alteração emocional, comportamental ou alguma dificuldade de aprendizagem é recomendável que procure um profissional especializado na área. Neste sentido, importa relembrar que nem tudo é justificado pela situação pandémica vivida nos últimos dois anos ou por outros fatores externos que muitos referem como fases que irão passar ao longo do tempo, mas sim sinais de alerta. Por outro lado, as emoções também devem ser trabalhadas diariamente, inicialmente através dos significativos (como os pais) e posteriormente em consultas individuais e/ou em grupo. Assim, agende a sua consulta de Psicologia e/ de aconselhamento parental de forma a ajudar as crianças a se desenvolverem cognitiva e emocionalmente.

 

Psicóloga Sophie Fachada