A endometriose, caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio em locais fora do útero como a bexiga, intestino ou ovários, é uma patologia com carácter inflamatório, dependente de estrogénio, que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva.

Nestas pacientes podem surgir sintomas como a dismenorreia (dor menstrual), dispaurenia (dor na relação sexual), disquezia (dor ao evacuar), disúria (dor ao urinar), dor pélvica crónica e dificuldade em engravidar, os 6 D ́s da Endometriose, que são sinais de alerta que precisam de ser investigados com o médico.

O tratamento é multidisciplinar mas a nutrição pode ser uma importante aliada, através de uma dieta anti-inflamatória. Deve ser dado destaque ao consumo de frutos vermelhos, frutas cítricas (mas todas podem e devem ser incluídas), hortícolas como a couve-flor, nabo, repolho, brócolos, alho, bem como à inclusão do gengibre, curcuma e chá verde. O consumo de gorduras insaturadas através da ingestão do abacate, dos frutos oleaginosos, sementes e do peixe gordo, é importante para o controlo da inflamação e dos sintomas.

 

 

Por ser uma doença dependente de estrogénio, é também crucial assegurar uma boa saúde intestinal para favorecer a sua eliminação bem como limitar o consumo de carne vermelha, álcool e produtos industrializados ricos em açúcar, gorduras saturadas e trans e sal. A redução do consumo de glúten nestas pacientes parece estar associada a uma menor severidade da dor mas é algo que deve ser avaliado individualmente, em consulta.

A suplementação pode ser também bastante promissora, em particular no caso do ómega 3 e da vitamina D mas a inclusão de outros suplementos como os polifenóis (como resveratrol, quercitina), N-Acetilcisteína (NAC), ácido alfa-lipóico e o própolis deve ser também discutida com o nutricionista.

A exposição a xenobióticos, encontrados no plástico, nas embalagens de alimentos, nos produtos de limpeza e nos alimentos com agrotóxicos, por exemplo, deve ser alvo de atenção dado que estes que atuam como disruptores endócrinos, sendo capazes de prejudicar o equilíbrio hormonal e agravar a patologia. Nesse sentido, trocar os recipientes de plástico por vidro, utilizar luvas aquando da utilização de produtos de limpeza e preferir alimentos orgânicos, da época e de produtores locais, são mudanças importantes.

Também a prática de atividade física, controlo do stress e a qualidade do sono são essenciais para o controlo da doença, melhoria da qualidade de vida e potencial fértil das mulheres com endometriose.